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DEFALAÇÃO x INFLAÇÃO x DESINFLAÇÃO

DEFALAÇÃO x INFLAÇÃO x DESINFLAÇÃO

Falando de economia para não economistas

 

Texto Nº 6 – Pilando a Verdade com Prof. Pilão –26/08/2022

 

A economia é recheada de termos considerados “estranhos” para os leigos que, independentemente de se conhecer o seu significado e funcionamento, impactam diretamente a vida de todas as pessoas, portanto, é bom conhecer…

Em nosso texto anterior, Nº 5 de 28/07/2022, fizemos um apanhado das ações que apontavam que apesar dos pesares, frente ao mundo, o Brasil vai muito bem obrigado!, recomendo a leitura para os não iniciados em economia.

Na ocasião mostramos que a economia estava entrando em “rota de crescimento” e que nos últimos meses tínhamos muitas notícias boas, principalmente a de que a inflação estava caindo. Comentei, por exemplo, que o IPCA-15 de julho, considerado uma espécie de prévia da inflação oficial do mês corrente havia desacelerado para 0,13%.

Agora, em 09/08/2022, fechado o mês julho, o IBGE divulgou que o IPCA de julho ficou em -0,68% e o INPC em -0,60%, os menores resultados desde quando começaram a ser calculados há 42 anos atrás, com isso um novo termo começou a fazer parte do vocabulário do brasileiro – a “deflação”.

Muitas pessoas começaram a ver a imprensa tratar desse assunto sem saber exatamente o que é e quais as consequências para sua vida, assim, optei neste texto para trazer para os nossos leitores o significado de alguns termos da economia vastamente utilizados, mas, que não são do domínio do grande público, vamos falar aqui um pouco de inflação, deflação e desinflação.

Antes de falarmos dos três termos, cujo objetivo é a mensuração dos movimentos dos aumentos e diminuições de preços no mercado ao longo do tempo, é importante lembrar essa apuração é realizada por meio de índices que medem essas oscilações. Existe uma infinidade de índices econômicos, uma verdadeira “sopa de letras”, destacaremos dois: o IPCA e o INPC.

Tanto o IPCA, quanto o INPC são índices criados pelo IBGE, há mais de 42 anos, que servem para medir a inflação – a variação dos preços de uma cesta de consumo ao longo de um mês, as suas diferenças são basicamente:

O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, mede a variação dos preços para famílias que tem uma renda mensal de 1 a 40 salários mínimos, daí a denominação de amplo, porque engloba uma fatia muito maior da população.

Por sua vez o INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor é utilizado para medir a variação de preços para famílias com renda entre 1 e 5 salários.

E isso faz diferença? Claro que sim, afinal o consumo de alguém que tem um poder aquisitivo maior pode ser bastante diferente de quem tem uma renda menor, aliás, provavelmente, você que nos lê deve ter uma inflação diferente de ambos os índices, do IPCA e do INPC.

Isso ocorre porque a inflação depende do hábito de consumo, por exemplo, embora tenha havido inflação negativa no mês julho de -0,68%, tivemos dois grandes vilões que não permitiram que a queda fosse ainda maior, foram os preços da melancia com um aumento de 31,26% e do leite com 25,46%; em compensação o tomate teve uma queda de 23,68% e a abobrinha de 23,55%, a diminuição dos preços de ambos contribuíram para que os índices caíssem.

Logo, se você não consome melancia, nem toma leite, mas consome tomates e abobrinhas, a sua inflação provavelmente terá sido um pouco menor que a oficial, o inverso é verdadeiro, se você tem filhos que tomam leite e não vive sem uma boa melancia gelada, sua inflação, provavelmente, terá sido maior.

O que define se há ou não inflação é a famosa Lei da Oferta e da Procura, ou seja, quando existem mais pessoas e empresas procurando, comprando, um determinado produto ou serviço do que pessoas oferecendo, vendendo, esse produto ou serviço, os preços tendem a subir, o inverso faz os preços caírem.

Vamos aos nossos termos:

  1. A “inflação” é uma velha conhecida dos brasileiros, ela representa o quanto os preços de produtos e serviços subiram ao longo de um determinado período de tempo. Temos vários tipos de inflação, a que mais nos aflige hoje é a chamada inflação estrutural – quando há aumento de preços em função de falhas, dificuldades, ou precariedade da infraestrutura local ou mundial.

A inflação estrutural costuma ter reflexos muito amplos, por exemplo, a inflação está fora de controle no mundo todo, principalmente em função da guerra na Ucrânia e do combate a Covid na China – problemas na oferta de combustíveis e alimentos e a falta de peças desestruturaram as cadeias produtivas mundiais.

  1. A “deflação” é um termo que aparece agora para a grande maioria dos brasileiros, ela representa a diminuição generalizada e consistente de preços.

O que ocorreu no Brasil em julho/2022, uma queda de -0,68% nos preços, segundo alguns economistas, pode não ser obrigatoriamente deflação, visto que não houve um recuo generalizado dos preços e que esse resultado esteve associado principalmente a diminuição dos preços de combustíveis e energia.

Essa afirmação dos economistas também não significa que não seja, já que as expectativas mostram que teremos nova redução de preços em agosto e que essas baixas de preços devem se espalhar de maneira mais generalizada.

  1. É importante ressaltar que uma deflação persistente, assim como uma inflação persistente não é boa, prejudica e causa descontrole na economia, entretanto, se ocorrer o que descrevi no parágrafo anterior, o que provavelmente deverá ocorrer a partir de agosto, que é a baixa de preços se espalhando de maneira mais generalizada, provavelmente nos trará uma inflação mais branda, aí sim teríamos o melhor dos mundos, e é exatamente o que significa o nosso terceiro termo a desinflação.
  2. A “desinflação” consiste na existência de uma inflação onde os preços continuam subindo, só que em uma velocidade mais lenta, decrescente e persistente. Ocorrendo esse movimento a inflação provavelmente irá para um patamar saudável e sem sobressaltos, no Brasil o intervalo entre 2,5% e 5,0%.
    Espero que essas informações sejam úteis e recomendo que calcule a sua própria inflação é muito simples e importante para controlar as suas finanças pessoais, basta criar a sua própria “cesta de consumo”, com os itens e quantidades que representam os gastos mensais de sua família: aluguel, arroz, feijão, carne, escola, internet, etc, e acompanhar a evolução desses preços mensalmente.

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