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“Arquiteto por diploma e jornalista por paixão.” Muita paixão. As palavras são de uma referência em futebol internacional, amigo de longas horas no telefone (telefone mesmo, à moda antiga), companheiro de profissão e, nos últimos dez anos, blogueiro do R7, Silvio Lancellotti. O colunista, de 78 anos, morreu nesta terça-feira (13), em São Paulo.
Lancellotti entrou para o time de colunistas do Portal em 2012. Logo em seus primeiros posts, “Um corinthiano que não ironiza o Palmeiras”, deixou claro a paixão pelo seu time. Isso no Brasil. Na Itália, era “um tifoso da Juventus de Turim”.
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“Embora um corinthiano, não faço parte do clã daqueles que ironizam os fracassos do Palmeiras. Principalmente em homenagem ao meu pai, um democrata, que nunca me criticou pela escolha antifamiliar. Ao contrário, até que eu pudesse ir ao campo sozinho, invariavelmente meu pai me carregava aos jogos do alvinegro”, escreveu em outubro de 2010.
Ao longo de todos esses anos, a precisão com o texto foi uma de suas marcas. Como ele próprio gostava de lembrar, a busca pela informação correta nem deveria ser assunto no jornalismo profissional, mas em tempos de fake news era nossa “obrigação ter o compromisso com o leitor”. Do livro Olimpíada 100 Anos aos últimos resultados de todos os torneios europeus, tudo estava absolutamente em seu lugar.
A máquina de informações e causos espetaculares que presenciou, ou até de que participou, atraiu uma geração de telespectadores para o Calcio e as páginas da Folha na década de 1980. A liberdade romântica ficou por conta dos seus romances policiais. Os Assassinos do Abecedário, seu livro mais recente, e Honra ou Vendetta, que virou novela na Record TV, são os principais exemplos.
A mesma paixão que demonstrava pelo jornalismo demonstrava também pela escolha da palavra. “Por que tudo é partida se existem outras tantas palavras na língua portuguesa?”, questionava o colunista entre uma conversa e outra. Por isso, sinônimos até inusitados como “cotejo”, “peleja”, “prélio” e “pugna” eram corriqueiros em suas postagens.
Junto a esses sinônimos e palavras que ficaram esquecidas no vocabulário do cotidiano, Lancellotti também fazia questão de registrar termos em italiano. Alguns que já conhecíamos, outros que aprendemos ao longo de anos de convivência.
Lancellotti, para nós o Silvio, não ligará para a redação hoje no fim da “giornata”.
Vamos sentir falta.
“Abraccioni”.
Dos seus “fratellini”.