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Nº 22 – Pilando a verdade com o Prof. Pilão – 30/01/2024
Escrevi em nosso último texto, dia 31 de dezembro, que quando o Brasil fechasse suas contas de 2023 elas não seriam das melhores, mas que torcia para que em 2024 entrássemos nos eixos e isso fazia sentido, afinal, em novembro e dezembro demos uma boa respirada.
Pois bem, janeiro chegou, as baterias foram recarregadas, e o mundo voltou à sua normalidade e nós, aqui no Brasil, fomos em busca do feliz ano novo prometido pelo governo, mas que pelo jeito os números de janeiro não mostram isso…
Claro que sabíamos que para o Brasil a esperança de dias melhores seria difícil, mas era e continua sendo possível que 2024 seja um bom ano, mas, infelizmente, os primeiros números da economia estão contradizendo as expectativas.
Evidentemente ainda é muito cedo para assumir que este será mais um ano perdido, como em boa parte foi o de 2023, já que ele está apenas começando, e em meio às festas de final de ano e Carnaval fica difícil ter a noção exata do que está por vir – vale lembrar que por aqui temos o ditado que diz que o ano só começa depois do Carnaval, assim, ainda temos mais duas semanas antes do teste de realidade, portanto, continuemos trabalhando e na torcida, mas, o que temos até agora?
Podemos começar pela nossa Bolsa que no ano passado fechou aos 134.046 pontos, inclusive dissemos que era um índice excelente para um ano tão conturbado, infelizmente hoje ela praticamente devolveu todos os ganhos, enquanto fecho este texto, ela está fazendo um esforço enorme para se manter nos 127 mil pontos, ou seja, uma queda de praticamente 5% só no mês de janeiro/2024, em um único mês.
Alguns podem afirmar que é uma questão global, o que de certa forma é verdade, mas, também é verdade que tanto a S&P quanto o Dow Jones, os principais índices das bolsas dos EUA, fecharam ontem com novos recordes, só ontem enquanto a bolsa americana subiu 0,76% e a nossa continuou caindo -0,36%.
Em dezembro dissemos que o ministro Fernando Hadad estava correndo atrás de dinheiro para fechar as contas do governo de maneira mais favorável, e fazer 2024 ter mais equilíbrio fiscal, o que animou os investidores, tanto que apontamos que eles aportaram em nossa bolsa nos últimos meses do ano algo em torno de R$44 bilhões.
Infelizmente, as promessas feitas pelo ministro ao que parece não irão se concretizar, e o mercado enxergou isso muito rapidamente, já que para eles não interessa o varejo da política, as retóricas e os discursos, para eles interessam apenas os dados, as projeções e os grandes números, como consequência só neste primeiro mês a entrada de dinheiro do exterior que era positiva em R44 bilhões se transformou em R$5,4 bilhões negativos, ao todo tivemos neste mês uma saída de R$50 bilhões.
Isso acontece porque o mercado vê com cautela a capacidade do governo em controlar as contas públicas e cobra por isso sob a forma de juros, a taxa Selic apontava para 9% no final de 2024, mas já foram reprojetadas para próximo de 9,5%.
Ao que parece a credibilidade do governo não está das melhores, o mercado já está cobrando 0,5% a mais de juros para comprar nossos títulos a vencer em dezembro/2024.
E não é para menos, as contas fechadas de 2023 mostram um déficit de R$230,5 bilhões, cerca de 2,1% do PIB, o segundo pior resultado da série histórica de 26 anos, só perde para a pandemia, some-se a isto que o governo herdou do seu antecessor, do governo Bolsonaro, um superavit de R$51,6 bilhões, ao todo R$280 bi.
Quanto às estatais ainda precisamos esperar o fechamento das contas, embora elas venham dando lucro nos 4 dos últimos 5 anos, elas também devem trazer também prejuízos em 2023, pelo menos é o que mostra o relatório de avaliação do próprio governo que fala em um provável déficit de R$5,6 bilhões.
E olhe que para melhorar um pouco esses números o governo incorporou ao seu caixa os valores do PIS/PASEP não resgatados pelos trabalhadores até agora, mas que não lhe pertencem, são aí mais R$R$59 bilhões que terão que ser devolvidos oportunamente aos proprietários.
Se não fossem os recordes de exportações do agronegócio com superávit de R$148 bilhões em 2023, não sei o que seria de nossa economia, graças a ele o dólar está relativamente controlado, a R$4,97 ontem – uma alta de mais de 3% neste mês.
Falando em agronegócios, embora o governo Lula não goste, os números são fantásticos, vele a pena registrarmos: ele representa praticamente 1/3 do PIB e dos empregos do Brasil e cerca de 50% de tudo o que vendemos ao exterior, segundo a CNA Confederação Nacional da Agricultura., somos o maior exportador mundial de soja, açúcar, suco de laranja, carne bovina, carne de frango, milho, celulose e fumo, além de sermos o maior produtor mundial de soja, açúcar, café e suco de laranja. Só para se ter uma ideia: 30% do café, 50% da soja e do açúcar e 80% suco de laranja consumidos no mundo são brasileiros.
Voltando a falar de credibilidade do governo, fechamos o nosso texto anterior afirmando que ao apagar das luzes Hadad enviou ao Congresso a MP da reoneração da folha de pagamento, indo contra a própria Lei aprovada dias antes pelo Congresso, até hoje ainda não houve uma decisão sobre isso, o mais provável é que ela seja devolvida ao executivo, embora tudo seja possível… é aguardar para ver, o problema é que isso gera mais um foco de insegurança jurídica que atrapalha demais o País.
Para piorar o cenário a Transparência Internacional publicou ontem, 30/01/2024, o novo ranking da percepção da corrupção no mundo, nesse ranking anual do IPC – Índice de Percepção de Corrupção, o Brasil aparece no 104º lugar dos países mais corruptos do mundo, dentre 180 pesquisados, caímos 2 pontos e 10 posições no ranking – este é o segundo pior resultado da história desde 1995 quando o ranking começou a ser publicado.
O pior é que os órgãos de imprensa, ao comentarem o assunto, atribuíram essa queda inicialmente ao governo Bolsonaro e só depois ao governo Lula só que, embora saibamos que governo Bolsonaro não foi realmente nenhum primor de transparência, depois que saímos da casa dos 40 pontos de IPC com o impeachment da Dilma, o seu governo elevou o IPC do Brasil em 2 pontos, e assim o manteve por três anos consecutivos, agora no primeiro ano de Lula caímos 2 pontos, 10 posições…
Pois é, as reações do PT e do governo Lula sobre o caso foram de reclamações generalizadas, só esqueceram de dizer que quem indicou para o STF seu advogado particular e um companheiro comunista, quem nomeou para Procurador Geral da República um antigo aliado político, quem manteve as emendas secretas sob uma outra forma, chamadas hoje de emendas PIX, foi o governo Lula, e esses aspectos pesam muito no índice, logo, ao invés de melhorar o índice que herdou Lula o piorou.
Hoje tivemos a denominada super quarta com as reuniões do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, que fixou a taxa de juros em 11,25% ao ano, uma queda já prevista de 0,50%; e a reunião do FED – o Banco Central dos EUA, que mantiveram a taxa entre 5,25% e 5,5%, também esperada, agora é esperar as atas das reuniões para ver as indicações que trazem para o futuro.
A nossa bolsa hoje também deu um pequeno refresco, ela subiu 0,28%, nada de astronômico, mas esses números devem dar um alento no mercado.
Bem, vou terminar o meu texto de hoje com a mesma frase que terminei o anterior: Com esses dados podemos esperar um novo ano melhor que o anterior?
Na época disse que sim, com ressalvas é claro, mas, continuo afirmando que sim, pois, além de ser um otimista por natureza, tenho convicção de que bons ventos ainda irão soprar no horizonte, advindos dos EUA, da Europa e da Ásia e repito, embora não seja fácil, ainda certamente colheremos bons frutos.